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domingo, 10 de abril de 2011

real atinge recorde em relação do dólar

O real nunca esteve tão valorizado em relação ao dólar. Cálculos com base na taxa real de câmbio mostram que o poder de compra da moeda brasileira praticamente dobrou em relação ao verificado em julho de 1994, início do Plano Real.É como se o dólar estivesse 50% mais barato do que naquela época. Ou seja, o brasileiro pode comprar o dobro do que compraria com os mesmos reais. Se for considerado o mês de dezembro de 1998, véspera da liberação do câmbio, o dólar estaria cerca de 40% mais barato. Por muito menos foi dada uma reviravolta na política cambial.
Entre os motivos para essa valorização da moeda brasileira está a forte entrada de dólares no país no primeiro trimestre deste ano. Foram US$ 35,6 bilhões, maior valor da série iniciada em 1982 pelo Banco Central. É também mais que o dobro do recorde anterior, verificado no mesmo período de 2006 (US$ 17,7 bilhões).Outra forma de medir o nível da taxa de câmbio é o índice Big Mac, divulgado pela revista "The Economist", que mede o preço do sanduíche nos EUA e Brasil em dólar e mostra um real sobrevalorizado. Por esse índice o dólar deveria estar em 1,75. A Folha de hoje informa, em reportagem de Valdo Cruz e Sheila D’Amorim, que Luciano Coutinho, presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), desceu a língua na estratégia empregada pelo Ministério da Fazenda para lidar com a valorização do real. Tratava-se de uma reunião fechada com um grupo de empresários ligados à CNI (Confederação Nacional da Indústria). Coutinho sugeriu que o Ministério da Fazenda, cujo titular é Guido Mantega, precisa de um dólar fraco para conter a inflação — que já atingiu a banda superior da meta no acumulado de 12 meses. Ou por outra: com um dólar mais valorizado, a inflação dispararia.Segundo Coutinho a indústria está sendo destruída. Afirmou ainda que sua crítica é endossada por outros ministros, como Fernando Pimentel (Indústria e Comércio) e Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia). Acho que a chapa vai esquentar para o Mantega. Convém lembrar a frase do economista Mario Henrique Simonsen, A inflação aleija, o câmbio mata. Mantega não está acreditando que pode morrer.