Criada e escrita por um ex-agente da CIA, Joe Weisberg (que deixou a
CIA por “motivos pessoais de natureza ética” e foi professor de ginásio
antes de virar roteirista de TV) The Americans tem três
elementos que a elevam bem acima do mais-ou-menos desta temporada: o
verdadeiro conhecimento da natureza e processos do trabalho do espião; a
capacidade de traduzir dramaticamente o labirinto psicológico que faz
parte da profissão; e o fato de se passar nos anos 1980, uma década
pouco explorada na dramaturgia de cinema e TV, e que tem todos os
elementos fascinantes das grandes transformações políticas: fim da
guerra fria, glasnost, Reagan e o escândalo Irã/Contra.
Some-se a isso o excepcional desempenho de Keri Russell e Mathew Rhys
como a dupla de agentes da KGB fingindo ser um casal classe média
norte americano nos subúrbios de Washington em meados dos anos 1980. As
complicações existenciais e psicológicas são tantas, empilhadas umas em
cima das outras, os desdobramentos de uma mentira em cima de outra
mentira, justificada (de forma cada vez mais tenue) pela noção de “dever
e honra” (título do episódio mais recente, devastador). Durante quanto
tempo é possível fingir amor sem senti-lo ou transforma-lo em repulsa?
Num ofício em que não se deve confiar em ninguém, como confiar no seu
parceiro? Como viver plenamente uma vida oposta à que se foi educado
para desejar? Como ser capaz de matar friamente, torturar sem remorso e
trair sem medo e, ao mesmo tempo, educar dois filhos em idade escolar?
E tudo isso é apenas o começo. A 1a. temporada terá 13 episódios. O próximo EP 09 irá ao ar dia 3 de abril e os demais 1 por semana. Comentário Ana Maria Bahiana no seu blog.